01/05/2024
Leia João 1.1-5
O evangelho de João, que começa com esses versículos, em muitos aspectos difere dos outros três evangelhos. Contém muitos fatos que os outros omitem, e omite muitos que os outros contêm.
Poderíamos, facilmente, apresentar boas razões para essas diferenças, mas é suficiente lembrar que Mateus, Marcos, Lucas e João escreveram sob a inspiração direta de Deus. No plano geral e nos detalhes particulares de seus respectivos evangelhos (tudo que registraram ou deixaram de registrar), todos os quatro foram igual e completamente guiados pelo Espírito Santo. Quanto aos fatos que o apóstolo João foi especialmente inspirado a relatar, basta fazer uma observação: os assuntos peculiares a esse evangelho estão entre as possessões mais preciosas da Igreja de Cristo. Nenhum dos outros evangelistas faz declarações tão completas quanto aquelas que vemos nesse evangelho, sobre a divindade de Cristo, a justificação pela fé, os ofícios de Cristo, a operação do Espírito Santo e os privilégios dos que creem. Sem dúvida, Mateus, Marcos e Lucas não silenciaram sobre esses grandes ensinamentos. Mas, no Evangelho de João, eles se destacam de forma tão proeminente que podem ser percebidos até mesmo por aqueles que o leem rapidamente.
Os cinco primeiros versículos contêm uma declaração de incomparável sublimidade a respeito da natureza divina de nosso Senhor Jesus Cristo. Acima de qualquer dúvida, quando João menciona "o Verbo", está se referindo a Cristo. Com toda a certeza, há uma grande profundidade nessa declaração, cuja compreensão está muito além do entendimento do homem. Ainda assim, existem ensinamentos claros na passagem, os quais todo crente deveria guardar como tesouro em seu coração.
Primeiro, aprendemos que o Senhor Jesus Cristo é eterno. João diz que "no
princípio era o Verbo". Ele não começou a existir quando os céus e a terra foram formados, muito menos quando o evangelho foi trazido ao mundo. Ele tinha a glória com o Pai "antes que houvesse mundo" (Jo 17.5). Existia quando a matéria foi criada e antes de os tempos comecarem. "Ele é antes de todas as coisas" (Cl 1.17); existe desde toda a eternidade.
Segundo, aprendemos que nosso Senhor Jesus Cristo é uma pessoa distinta de Deus, o Pai, e, ainda assim, é um com ele. João diz que "o Verbo estava com Deus". O Pai e o Verbo, embora sejam duas pessoas, são ligados por uma união inefável. Desde a eternidade, onde quer que Deus Pai estivesse, ali também estava o Verbo, o Deus Filho - iguais em glória, coeternos em majestade, porém uma só Divindade. Esse é um grande mistério. Feliz é aquele que o recebe com a atitude de uma criança, sem tentar explica-lo!
Terceiro, aprendemos que o Senhor Jesus Cristo é o próprio Deus. João diz que "o Verbo era Deus". Ele não é meramente um anjo criado ou um ser inferior a Deus, o Pai, investido de poder, da parte do Pai, para redimir os pecadores. Não é menos que o Deus perfeito; é igual ao Pai, no que concerne à sua divindade; ele é Deus e tem a mesma natureza que o Pai, existindo antes da fundação do mundo.
Quarto, aprendemos que o Senhor Jesus Cristo é o Criador de todas as coisas. João diz que "todas as coisas foram feitas por intermédio dele e, sem ele, nada do que foi feito se fez". Longe de ser uma criatura de Deus, como alguns hereges têm falsamente afirmado, ele é o Ser que fez o universo e tudo o que nele há. "Mandou ele, e foram criados" (Sl148.5).
Por último, aprendemos que o Senhor Jesus Cristo é a fonte de toda luz e vida espiritual. João diz que "a vida estava nele, e a vida era a luz dos homens". Ele é a fonte eterna, e somente dela os filhos dos homens têm recebido vida. Provinham de Cristo toda luz e toda vida espiritual que Adão e Eva possuíam antes da Queda. Era inteiramente procedente de Cristo toda e qualquer libertação do pecado e da morte espiritual, experimentada por qualquer filho de Adão, desde a Queda; igualmente, provém de Cristo qualquer iluminação de consciência ou entendimento obtido desde então. Em todos os tempos, a maior parte da humanidade tem-se recusado a conhecê-lo, esquecendo-se da Queda e da necessidade de um Salvador pessoal. A luz tem constantemente resplandecido "nas trevas", e a maioria dos homens não a tem compreendido. Mas, se qualquer um dos incontáveis seres humanos - homens e mulheres -já recebeu luz e vida espiritual, deve tudo isso a Cristo.
Esse é um breve sumário das principais lições que parecem estar contidas nessa maravilhosa passagem. Todos temos de concordar que, nesses versículos, existem muitas coisas que estão acima de nossa compreensão, mas nenhuma delas desprovida de sentido. No texto, há muitas coisas que não podemos explicar, mas nas quais devemos crer e com elas nos alegrar, com humildade de coração. Contudo, não nos esqueçamos de que emanam do texto aplicações claras e práticas, que nunca poderão esgotar-se nem ser conhecidas demais. Se desejamos conhecer quanto o pecado é excessivamente abominável, devemos ler com frequência esses cinco versículos do Evangelho de João. Notemos o tipo de pessoa que o Redentor da humanidade precisou ser a fim de providenciar redenção eterna aos pecadores. Se, para tirar o pecado do mundo, foi preciso de ninguém menos que o próprio Deus eterno, é porque, aos olhos de Deus, o pecado é muito mais abominável que a maioria dos homens pode supor. A medida exata da malignidade do pecado é reconhecida quando consideramos a dignidade daquele que veio ao mundo para salvar os pecadores. Se Cristo é tão excelso, então o pecado é realmente abominável!
Se desejamos conhecer o fundamento da esperança do verdadeiro crente, devemos ler com frequência os cinco primeiros versículos do Evangelho de João. Observemos que o Salvador, no qual o crente é convidado a confiar, é nada menos que o Deus eterno, capaz de salvar cabalmente todos aqueles que, por seu intermédio, vêm ao Pai. Ele, que "estava com Deus" e "era Deus", é também "Emanuel", Deus conosco. Demos graças a Deus por nossa esperança estar firmada naquele que é poderoso (S1 89.19). Em nós mesmos, somos grandes pecadores, mas em Jesus Cristo temos um grande Salvador. Ele é a sólida pedra fundamental, capaz de suportar o peso do pecado do mundo. Aquele que nele crê não será de modo algum envergonhado (1Pe 2.6).
Leituras diárias compiladas para o Ministério das Mulheres IESBR por Sónia Ramos
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